Epicuro, Pré-socráticos, Aristóteles e Platão

Epicuro,  Pré-socráticos, Aristóteles e Platão

Determinismo: Indeterminista antigo. Viveu aproximadamente no séculoIV a.C.

Palavras-chave: Atomismo, ética, felicidade, prazer.

Autor: Diôgenes Laêrtios. Autor das cartas: Epícuros

Obra: Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres.

Partes do Texto

I-Parte – Vida e Obra

II- Parte- Epístola a Herôdotos (Física, pp. 291- 302);

III- Parte- Epístola a Pitoclés (Meteorologia e Astronomia, pp. 302 a 311);

IV – Parte- Epístola a Menoiceus (Ética pp. 311 -314);

V- Parte- Máximas Principais (pp. 315 – 321).

Fichamento do Texto Epicuro

I-Parte – Vida e Obra de Epicuro

Epicuro nasceu de pais atenienses, na ilha de Samos, em 342 ou 341 a.C., e morreu em Atenas, em 271 ou 270 a.C. Para o historiador Diôgenes Laêrtios, em cuja obra se encontra as principais informações disponíveis sobre Epicuro, a filosofia despertou-lhe interesse precocemente, em plena adolescência.

Ainda jovem Epicuro se transferiu de Samos para Teos, onde estudou com um discípulo de Demócrito. A mudança para Atenas ocorreu em 323 a.C. Nessa época é que ele deve ter ouvido os ensinamentos de Xenócrates, sucessor de Platão na Academia. Em seguida viajou provavelmente durante anos, tendo ensinado em Mitilene e Lâmpsaco. Voltou a Atenas só em 306 a.C., quando comprou o seu famoso Jardim. Ali viveu com os amigos e criou a escola que dirigiu até seus últimos dias.

Opondo-se à Academia e ao Liceu, herança platônica e aristotélica que dominava a vida cultural da Grécia em seu tempo, Epicuro representa, contra os prestígios dessas duas escolas, a busca de uma filosofia prática, essencialmente moral, e que correspondesse às necessidades de seus contemporâneos, para os quais a desagregação da cidade-estado originava toda uma crise de civilização.

Preocupado com a inadequação dos sistemas filosóficos tradicionais em relação à mudança cultural e política que se processava, Epicuro não propõe uma cultura diferente, mas um novo modo de ver e estar no mundo e de viver a vida.

Retomando contribuições anteriores e, em particular, a de Demócrito, Epicuro estabeleceu um todo coerente, que tem por objeto central a felicidade do ser humano. Essa felicidade foi mal interpretada pelos seus adversários, que a apresentaram, ao contrário do filósofo, mais como uma exaltação do corpo e dos sentidos que do espírito e sua cultura. Assim, a felicidade, para, Epicuro se identifica com um prazer estável, que os gregos chamavam de ataraxia.

Epicuro morreu em Atenas aos setenta e dois anos de idade em conseqüência de cálculos renais, depois de passar quatorze dias enfermo.

Embora Diôgenes Laêrtios atribua a Epicuro cerca de trezentos volumes de obra escrita, quase todo esse legado se perdeu, restando apenas três cartas (uma, sobre a física; a segunda sobre a meteorologia e astronomia; a terceira, sobre a ética), uma coletânea de sentenças morais e uma “Coleção de Provérbios”, composta de 81 máximas e descoberta, na forma manuscrita, na Biblioteca do Vaticano em 1888.

As principais obras de Epicuro são: Da Natureza; Dos Átomos e do Vazio; Do Amor; Epítome dos Livros Contra os Físicos; Contra os Megáricos; Problemas; Máximas Principais; Do que Deve ser Escolhido e Rejeitado; Do Fim Supremo; Do Critério, ou Cânon; Cairêdemos; Dos Deuses; Da Santidade; Hegesianix; Dos Modos de Vida, em quatro livros; Da Maneira Justa de Agir; Neoclés, a Temista; O Banquete; Eurílocos, a Metrôdoros; Da Visão; Do Ângulo no Átomo; Do Tato; Do Destino; Opiniões Sobre os Sentimentos, Contra Timócrates; Prognóstico; Exortação à Filosofia; Das Imagens; Da Apresentação; Aristôbulos; Da Música; Da Justiça e das Outras Formas de Excelência; Dos Benefícios e da Gratidão; Polímedes; Timocrates, em três livros; Opiniões Sobre as Doenças e a Morte, a Mitres; Calístolás; Da Realeza; Anaximenes; Epístolas.

II- Parte- Epístola a Herôdotos (Física, pp. 291- 302)

Epicuro faz referência aos critérios da verdade (sensações, antecipações e os sentimentos conciliados a apreensão imediata das apresentações do pensamento). Segundo o filósofo, para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi recebido passivamente na sensação pura, e por conseqüência, nas idéias gerais que se formam no espírito (como resultado dos dados sensíveis recebidos pela faculdade sensitiva).

Nesta epístola Epicuro defende ardorosamente a liberdade humana e a tranqüilidade do espírito. Para o filósofo, o atomismo poderia garantir ambas as coisas desde que modificado. A representação vulgar do mundo, com seus deuses, o medo dos quais fez com que se cometessem os piores atos, é obstáculo à serenidade. Todas as doutrinas filosóficas, salvo o atomismo, participam dessas superstições. Os átomos se encontram fortuitamente, por uma leve inclinação em sua trajetória, que o faria chocar com outro átomo para constituir a matéria. É o encontro fortuito dos átomos que garante a liberdade (se assim não fosse, tudo estaria sob o jugo da Natureza) e garante a explicação dos fenômenos, sua elucidação, fazendo com que possam ser explicados racionalmente. Assim, ao compreender como opera a natureza, o homem pode livrar-se do medo e das superstições que afligem o espírito.

Epicuro também faz referência às coisas imperceptíveis aos sentidos. Afirma que nada nasce do nada e que o universo é eterno, e ainda que é constituído de corpos e vazio. Afirma também que a alma é composta de átomos e com sua perda, o organismo perde também a faculdade de sentir.

A carta se encerra com a exposição dos elementos fundamentais da doutrina sobre a natureza do universo que, segundo Epicuro, é no seu conhecimento que consiste a felicidade.

III- Parte- Epístola a Pitoclés (Meteorologia e Astronomia, pp. 302-311)

Nessa epístola, Epicuro trata do estudo dos fenômenos celestes e seu conhecimento, segundo o próprio filósofo, tem como finalidade assegurar a paz de espírito e a firme convicção. O filósofo deixa bem claro que, os fenômenos celestes admitem múltiplas explicações quanto à sua formação e também uma determinação múltipla de sua essência em harmonia com as sensações e que aqueles que não seguem a esses critérios cometem erros graves quanto à possibilidade humana de conhecer tais assuntos. Após alertar Pitoclés quanto os critérios necessários para o entendimento acerca de tal assunto, Epicuro, baseado nesses critérios faz sua exposição em relação aos fenômenos celestes, e é este o conteúdo desta carta.

IV– Parte- Epístola a Menoiceus (Ética pp. 311-314)

Essa epístola trata dos fatos relacionados com a escolha e a rejeição (ética). Nela Epicuro entende que o sumo bem reside no prazer. O prazer de que fala o filósofo é o prazer do sábio, entendido com quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa-medida e não dos excessos. Este, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou aquieta a dor. O mais alto prazer reside no que chamamos de saúde. Epicuro admite o prazer estático (tranqüilidade perfeita e ausência completa de sofrimento) e o prazer em movimento (a alegria e o deleite). Entre os prazeres ele elege a amizade, quando diz: “A amizade é uma necessidade. Da mesma forma que lançamos uma semente na terra devemos tomar a iniciativa da amizade…”. (Laêrtios. [Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres], 1977, p.311)

Epicuro refere-se também ao temor humano em relação à morte, ele dizia: “A morte nada é para nós, pois enquanto existimos a morte não está presente, e quando a morte está presente já não existimos”. (Laêrtios. [Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres], 1977, p.312). Desta forma tentou tranqüilizar as pessoas quanto aos tormentos futuros após a morte. Não há porque temer aos deuses nem em vida e nem após a morte. E, além disso, depois de mortos, como não estaremos mais de posse de nossos sentidos, será impossível sentir alguma coisa. Então, não haveria nada a temer com a morte.

No entanto, a caminho da busca da felicidade, ainda estão às dores e os prazeres. Quanto às dores físicas, nem sempre seria possível evitá-las. Mas Epicuro faz questão de frisar que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma. Essas podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para esses Epicuro recomenda a reflexão. As dores da alma estão freqüentemente associadas às frustrações. Em geral, oriunda de um desejo não satisfeito. Encontramos assim um dos pontos fundamentais para o entendimento dessa curiosa doutrina, que também foi tomada por seus seguidores e discípulos como um evangelho ou boa nova, o equacionamento entre dores e prazeres.

Ainda segundo o filósofo, toda escolha e rejeição tendo em vista a saúde do corpo e a tranqüilidade perfeita da alma é a realização suprema de uma vida feliz. Essas são as formas com as quais Epicuro acreditava que o homem poderia alcançar a felicidade.

V- Parte- Máximas Principais (pp. 315-321)

Em suas máximas, Epicuro faz uma síntese de suas teorias. Nelas podem-se verificar, assuntos como o prazer, a dor, a certeza, o desejo, a felicidade, a liberdade, a justiça, a ética, etc. que são novamente discutidos de forma simplificada. Encontramos, portanto, a doutrina dos epicuristas de como viver com felicidade, seguindo os critérios éticos já mencionados anteriormente.

Comparações (Pré- Socráticos, Epicuro, Aristóteles, Platão)

Heráclito de Héfeso (570 a.C- 475. C), acreditava que o fogo era o princípio de todas as coisas. Afirmava que somente a mudança é o real e a permanência é ilusória. Dizia ainda que o mundo era um fluxo perpétuo onde nada permanecia idêntico a si mesmo, mas tudo se transformava no seu contrário. Porém, Heráclito também dizia que tudo obedecia ao destino e que ele era idêntico à necessidade, revelando, portanto, seu determinismo.

Parmênides de Eléia (540-470 a.C), por sua vez, dizia que o movimento é que era uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é não pode passar ser; assim, não há mudança. A mudança é o não-ser (o nada). O pensamento e a linguagem verdadeira só são possíveis se as coisas que pensamos e dizemos guardarem a identidade, forem permanentes, pois só podemos dizer e pensar aquilo que é idêntico a si mesmo. Se uma coisa torna-se contraditória a si mesma, deixará de ser e, em seu lugar, haverá coisa nenhuma, pois o que contradiz se autodestrói. Para Parmênides somente o ser pode ser pensado e dito. Parmênides, portanto, discorda de Heráclito em relação à mudança, pois crê que esta não existe e revela assim seu determinismo.

Demócrito de Abdera (460-370 a.C) desenvolveu uma teoria sobre o Ser ou sobre a natureza conhecida com o nome de atomismo: a realidade é constituída por átomos. Os seres surgem por composição dos átomos, transformam-se por novos arranjos dos átomos e morrem por separação dos átomos. Sendo, pois atomista.

Demócrito concordava com Heráclito e Parmênides em que há uma diferença entre o que conhecemos apenas pelo pensamento; porém diversamente dos outros dois filósofos, não considerava a percepção ilusória, mas apenas um efeito da realidade sobre nós. O conhecimento sensorial ou sensível é tão verdadeiro quanto aquilo que o pensamento puro alcança, embora de uma forma diferente e menos profunda ou menos relevante do que aquela alcançada pelo puro pensamento.

Demócrito dizia que tudo acontecia pelo destino, de tal forma que esse destino trazia consigo a força da necessidade. Podemos analisar, então, seu determinismo.

O filósofo dizia que o encontro dos átomos era necessário.  Epicuro, contudo, dizia que o encontro fortuito dos átomos garantia a liberdade. Esta é a grande modificação do sistema epicurista em relação ao atomismo de Demócrito.

Platão (428/427-347 a.C) em linhas gerais desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.

Tal concepção de Platão é conhecida também por Teoria das Idéias e constitui uma maneira de garantir a possibilidade de conhecimento e fornecer inteligibilidade relativa aos fenômenos.

Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria de uma Idéia perfeita. A ontologia de Platão diz, então, que algo é, na medida em que participa da Idéia desse objeto.

O problema que Platão propôs resolver durante maior parte de sua vida é a tensão entre Heráclito e Parmênides. Ele resolve esse problema com sua Teoria das Idéias. O que há de permanente em um objeto é a Idéia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Idéia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Idéia desse objeto.

Platão também elaborou uma teoria que explica como se podem conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele ao ver um objeto repetidas vezes, uma pessoa se lembra, aos poucos, da Idéia daquele objeto que viu no mundo das Idéias.   

Para Platão o Não-Ser não é o puro nada, como diz Parmênides. Ele é alguma coisa. Ele ó o outro do Ser, o que nos engana e nos ilude, a causa dos erros. Em lugar de ser um puro nada, o Não-Ser é um falso ser. O Não-Ser é o sensível.

Platão é indeterminista, pois dizia que dominando a necessidade a inteligência dirigia-se para o bem da maior parte das coisas que nasciam.

Epicuro (342/341 – 271/270 a.C) filósofo da antiguidade dizia que tudo era composto de átomos até mesmo a alma e que esta se dispersava se o organismo se dissolvesse, ou seja, se morremos nossa alma também morre. Epicuro, portanto, é atomista como Demócrito e Leucipo. Ele tinha como critério da verdade a percepção sensível, dizia ele: “E nada existe que possa contradizer as sensações” (Laêrtios. [Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres], 1977, p.290). Afirma, então, o contrário de Platão quanto à questão da percepção sensível.

Heráclito, porém acreditava poder haver duas possibilidades de o homem conhecer a verdade: a percepção sensível e a razão, porém acreditava que os conhecimentos adquiridos pela primeira eram duvidosos e considerava a segunda como critério da verdade. As idéias dos filósofos divergiam neste ponto.

Epicuro é também indeterminista, pois dizia que o destino era crença vã, afirmava ainda que algumas coisas aconteciam por necessidade, outras por acaso e que outras dependiam de nós, e as coisa que dependiam de nós eram livremente escolhidas e eram naturalmente acompanhadas de censura e louvor.

Melisso de Samos (Viveu aproximadamente no século V a. C), filósofo empenhado em defender e desdobrar de modo pessoal o pensamento de Parmênides acreditava que o ser era o princípio, assim como seu mestre dizia que não podia haver mudança (movimento), pois se algo muda deixa de ser o que é e transforma-se no que não é. Dizia Melisso: “O movimento não existe, não é mais do que aparência”. (Bornheim. [Os filósofos pré-socráticos], 1998. P.66). Melisso é, portanto, determinista.

Anaximandro de Mileto (547-610 a.C) recusou-se a ver a origem do real em um elemento particular, defendia a doutrina do ilimitado (ápeiron) e acreditava que o movimento era eterno. Dessa forma Anaximandro é determinista, pois não acreditava na possibilidade de mudança. Segundo ele a gênese das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários (como quente e frio, seco e úmido) em conseqüência do movimento eterno.

Tales de Mileto (624-547 a.C) dizia que a água era o elemento primordial de todas as coisas e que esta flutuava sobre a terra e que todas as coisas estavam cheias de deuses. Tales também dizia: “O universo é animado e cheio de deuses; o úmido elementar está penetrado do poder divino, que o põe em movimento”. (Bornheim. [Os filósofos pré-socráticos], 1998. p.23). Tales é, portanto, determinista.

Zenão de Eléia (334-262 a.C) defensor apaixonado das doutrinas de Parmênides dizia que o ser era o princípio de todas as coisas e procurava provar a impossibilidade da multiplicidade das coisas. Demonstra expressamente sua oposição a multiplicidade quando diz: “Quem admite a multiplicidade, cai em contradição” (Bornheim. [Os filósofos pré-socráticos], 1998, p.60). Justifica tal teoria dizendo: “Se existe muitas (coisas), então deverão existir, necessariamente, tantas quantas são, deverão ser limitadas (em número)”. (Bornheim. [Os filósofos pré-socráticos], 1998, p.61).

Zenão acreditava na imobilidade, sendo, pois determinista dizia ele: “O móvel não se move nem no espaço no qual se encontra, nem naquele no qual não se encontra”. (Bornheim. [Os filósofos pré-socráticos], 1998, p.61)

Epicuro, todavia, acreditava que a investigação de todos os fenômenos que não se enquadravam no âmbito dos sentidos deveria ser explicada com base em afirmações relativas à multiplicidade. Dizia também que os filósofos que não adotavam a multiplicidade como critério de explicação erravam gravemente quanto à possibilidade de conhecimento humano.

Anaxágoras de Clazomena (500-428 a.C) dizia que o princípio era as “raízes” ou homeomerias e que dele derivavam as coisas por efeito do movimento “Nous”. Fez da multiplicidade o objeto privilegiado de seu pensamento. Anaxágoras procurava explicar a natureza do múltiplo dizendo que em cada coisa havia uma porção de cada coisa e que só o Espírito não poderia misturar-se as coisas. Anaxágoras também acreditava que os sentidos eram fracos e não nos capacitavam a distinguir a verdade, divergindo, assim com as idéias de Epicuro.

Empédocles de Agrigento (483-423 a.C) acreditava que quatro elementos: fogo, terra, água e ar era o princípio e dele derivavam as coisas por efeito do Amor e do Ódio. Falava também da multiplicidade:

Como a unidade aprendeu a nascer do múltiplo e, pela sua separação, constituir-se em múltiplo, assim geram-se as coisas e a vida não lhes é imutável; na medida, contudo, em que a sua constante mudança não encontra termo, subsistem eternamente imóveis durante o ciclo. (Bornheim. 1998. p.72. “Os filósofos pré-socráticos”)

Analisamos, então, que Empédocles é determinista, pois dizia que a imobilidade era eterna, ou seja, que não havia mudança.

Anaxímenes de Mileto (600-528/525 a.C) tem por base os ensinamentos do mestre Anaximandro (e, portanto de Tales), modificando apenas a idéia de princípio, que ele considerou o ar e desse princípio derivavam as coisas por condensação e rarefação.  Em seu único fragmento restante o filósofo diz: “Como nossa alma, que é ar, nos governa e nos sustém, assim também o sopro e o ar abraçam todo o cosmos”. (Bornhein. [Os filósofos pré-socráticos], 1998, p.28). Anaxímenes pensa que o “princípio” deve ser pensado como ar infinito, substância aérea ilimitada, pois é o ar que respiramos que nos dá vida e nos sustém (quando morremos já não mais respiramos). Assim devemos conceber o cosmo inteiro. Anaxímenes, portanto, é indeterminista, dizia ele que o ar não tinha fim, entendemos então que é eterno e não muda.

Aristóteles (384-322 a.C) sua filosofia pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.

Aluno de Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da filosofia. Platão concebia dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto, em constante mutação; e outro mundo abstrato, o das idéias, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço material. Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo: este em que vivemos o que está além de nossa experiência sensível não pode ser nada para nós. Aristóteles dizia que as coisas mudavam incessantemente para buscar imitar o que não mudava nunca (o divino) desejando encontrar sua essência total e perfeita, imutável. É desta forma que Aristóteles justifica seu indeterminismo.

Aristóteles também dizia que não podia haver ciência do acaso, do que não se repetia sempre do mesmo modo, do invariável, o que ele atribui à ética. Discorda também de Epicuro quando atribui aos deuses os bens e os males concedidos ao homem.

Leucipo de Abdera (460-370 a. C) assim como Demócrito, acreditava que os átomos eram o princípio e dele derivavam as coisas por efeito do movimento do qual os átomos estavam naturalmente dotados. Segundo ele, o ser que não nasce não morre e não entra em devir (mudança), se não se adapta à realidade sensível adere, porém, aos fundamentos da realidade sensível, isto é, aos átomos.

O único fragmento restante do atomista diz: “Nada deriva do acaso, mas tudo de uma razão e sob a necessidade”. (Bornhein. [Os filósofos pré-socráticos], 1998, p.103). O que nos faz concluir que Leucipo é determinista, pois não acredita na idéia de liberdade, mas de destino.

Diógenes de Apolônia (viveu na segunda metade do século V a. C) combina as teses de Anaxímenes com as de Anaxágoras, afirmando que o princípio era ar-inteligência de natureza infinita. Introduz na explicação do mundo o conceito de fim: o escopo (fim) que as coisas têm depende da inteligência do princípio do qual deriva.

Diógenes também diz que a substância primordial do Universo é o Ar imóvel e eterno, do qual nasce a forma de cada outra coisa, por condensação, rarefação ou mudança de estado. Sendo, pois determinista.

Xenófanes de Cólofon (nascido por volta de 570 a.C) critica pela primeira vez de modo sistemático e radical toda forma de antropomorfismo, segundo ele se a divindade é sublime, não pode haver outros ou mais deuses, pois não poderia haver o mais forte e melhor de tudo. Defende um deus único, distinto do homem, não gerado, eterno, imóvel, puro pensamento e que age através de seu pensamento. Indica o elemento “terra” como princípio, não, porém, de todo o cosmo, e sim do nosso planeta. Xenófanes é, pois, naturalista e determinista.

Pitágoras de Samos (570-497 a.C) defendia uma doutrina mais religiosa que filosófica. Dizia que o número e os elementos do número (= limite/ ilimite) era o princípio e dele derivavam as coisas segundo relações harmônico-matemáticas no todo e nas partes. Atribuindo uma ciência exata ao princípio das coisas, podemos dizer que Pitágoras é determinista.

Pitágoras dizia ainda que nada era absolutamente novo, o que nos faz lembrar de Platão com sua Teoria das Idéias . Dizia ainda que todos os seres animados estavam unidos por laços de parentesco.

Arquitas de Tarento (viveu na primeira metade do século  IV a. C) filiado à doutrina pitagórica, foi político, dedicou-se às ciências da Matemática, Mecânica e Música. Os poucos fragmentos que se conhecem ocupam-se, sobretudo de problemas de Matemática e de Música.

Dizia que a Aritmética tinha predominância sobre as outras ciências como também sobre a Geometria, por poder demonstrar mais claramente as coisas. Assim como os demais pitagóricos, Arquitas é determinista, pois se valia de uma ciência exata para explicar o princípio de todas as coisas.

Alcmeão de Cróton (viveu aproximadamente no século V a. C) foi um dos principais discípulos de Pitágoras. Seu interesse principal dirigiu-se à Medicina, de que resultou a sua doutrina sobre o problema dos sentidos e da percepção.

Alcmeão afirma que a alma é imortal por sua semelhança com o ser imortal. Concebe a alma em eterno movimento, ou seja, uma mudança que não se renova, é sempre a mesma,  sendo portanto, determinista.

Filolau de Cróton (viveu aproximadamente no século V a. C) pitagórico, afirma o limitado e o ilimitado como princípio. Para Filolau tudo acontecia conforme a necessidade e a harmonia.  O que nos faz entender que tudo é determinado (destino), Filolau é, pois, determinista. Tanto ele quanto Pitágoras explicavam a alma como sendo uma harmonia. 

Os pitagóricos (Arquitas de Tarento, Filolau de Cróton, Anaxágoras de Clazomena e possivelmente Alcmeão de Cróton), portanto, herdam dos predecessores a problemática do princípio, mas a deslocam sobre um plano novo e muito elevado. O princípio da realidade é para os pitagóricos não um elemento físico, mas o número. O número, portanto, é causa de cada coisa e determina sua essência e a recíproca relação com as outras.

Para exatidão, segundo os pitagóricos não são os números enquanto tais o fundamento último da realidade, mas os elementos do número, ou seja, o “limite” (princípio determinado e determinante) e o “ilimitado” (princípio indeterminado) cada número é síntese destes dois elementos: nos números pares prevalece o ilimitado e nos ímpares o limite.

Referências Bibliográficas

BORNHEIM,  G. A, org.  Os filósofos pré-socráticos.  São Paulo:  Cultrix, 1977.

CHAUI,  Marilena de Souza.  Convite à filosofia.  São Paulo:  Ática, s.d.

LAÊRTICOS, Diôgenes.  Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Trad. Mário da Gama Kury.  Brasília: UNB, 1977 (pp. 283-321).

REALE, Giovanni. História da filosofia. 3. ed. rev.  Zolferino Tonon;  Trad. Ivo Storniolo;  s.l. Ed:  Paulus, 2007.

Assunto disponível nos sites:

http//:www.educacao.uol.br/biografias/epicuro.jhtm.  Acesso em: 15  mar  2010;

http//: www.ucb.br/prg/comsocial/cch/normas_organinfo_fichario.htm .  Acesso em:  15 mar 2010.

Por: Roberta Caetano

5 Comentários

  1. marcos said,

    7 de setembro de 2010 às 23:08

    Olá como poderia dar uma passadinha e não comprimentar esta autarquia do fichamento, adorei o seu blog e acredito que vou retornar em breve, quanto ao seu texto, certamente fez por merecer a nota, está uma obra de arte parabéns, um grandioso abraço e se Deus permitir te vejo em 2011 no turno matutino um grande abraço Marcos.

  2. Rafaela said,

    16 de junho de 2011 às 23:33

    Achei ótimo o Blog, Meu professor de Filosofia tbm elogio muito!!

  3. 3 de novembro de 2012 às 15:11

    wow, nice article…keep sharing… lista de emails lista de emails lista de emails lista de emails lista de emails

  4. 16 de janeiro de 2017 às 18:53

    Muito bom o blog!

  5. 16 de janeiro de 2017 às 18:54

    Estarei acompanhando


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